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terça-feira, 21 de agosto de 2012

...Não sentir medo de envelhecer

Sentir medo de envelhecer nos priva de muita coisa, esse medo nos faz perder todas as coisas boas que a vida nos reserva, cada qual é claro, no seu tempo determinado. E se soubermos viver tudo em seu devido tempo, a felicidade virá, tão natural que o envelhecer vai se tornar algo incrível, maravilhoso e prazeroso!

Achei muito linda essa crônica da Ana Alvarez... Leiam e se coloquem como autor(a) desse texto vc também!

    

       ...Não sentir medo de envelhecer                                                                              
 "Acordei sentindo a confortável sensação de domingo. Domingo especial, quando eu completava 53 anos. Continuei deitada enquanto as lembranças me invadiam juntamente com o aroma de café fresco. Meus olhos vagaram nômades pelo tempo e eu me lembrei de quando eu queria ficar mais velha para conseguir um monte de regalias: ir dormir mais tarde, entrar em filme proibido, sair para a rua sozinha, encontrar o namorado à noite... Esses eram os meus sonhos naquela época. Hoje quero ainda envelhecer. Estão espantados? Quero envelhecer, mas não quero ficar velha nem, muito menos, parecer uma velha. Eu, como todos, quero viver muito, mas não quero ficar velha. Viajando pelo tempo, pensei nos medos e nas dúvidas que acompanhavam cada conquista e, invariavelmente, cada decisão. O rolar da vida é inconstante e, quando menos se espera, chega uma surpresa. Eu me lembrei das surpresas dos 15 anos, da alegria e do suspense da gravidez e agora me vêm à cabeça as dúvidas do climatério. Gente, como foi rápido! Não posso deixar de pensar que, embora eu me sinta efervescente, estou envelhecendo. Surgem, de supetão, frases ouvidas: "Você vai ver, vai ficar barriguda e sem atrativos, suando em bicas em momentos inesperados!" ou "Mulher depois dos 40 fica invisível!"                                                                                                                                                  As dúvidas me assaltam: continuarei bonita, jovial, alegre e saudável? Serei lúcida, terei amigos, serei olhada pelos outros com admiração?Ora, vou deixar disso. Não sabemos essas respostas em qualquer época da vida, não só ao envelhecer. O que precisamos, seja qual for a nossa idade, é aprender a buscar a felicidade. Todos pensamos que para ser feliz basta querer, e não é assim. A felicidade é um estado de ânimo prazeroso em que tudo é leve e belo parecendo eterno, nem que dure um segundo. Entender que se pode ser feliz envelhecendo é um investimento, um preparo, um ensaio. É saber que as novas formas que o hoje assume e que o futuro talvez traga nos levarão a ser diferentes. Passamos por reciclagens, aprendemos com os erros, não podemos permanecer as mesmas! Meus olhos, nômades, atravessam meus medos. O que a vida me traz mais uma vez é um desafio: não ter medo de envelhecer. Pus os pés no chão, firmes. Olhei-me no espelho e vi uma mulher ainda com o gosto dos brigadeiros de festa na memória. Pensei no futuro: as filhas, o estudo, a pesquisa, os netos, o trabalho, a escrita, os amigos... Um a um, os meus sonhos desfilaram cadenciados. Pensei com um leve arrepio de expectativa: lá vêm os novos tempos. Tenho coragem e vou pagar para ver. Invisto feliz."
 * Ana Alvarez: fonoaudióloga com doutorado em ciências e autora do livro Cresça e apareça (Editora Record)



(Visita do grupo GPS à Vila Vicentina - Asilo em Sete Lagoas) 



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